Uma simples saudade

Eu conheci o Pollari em março, em dezembro nós estávamos casados... a princípio parecia uma coisa sem explicação e muita gente falava o que não sabia... Ele era feio, sem grana e vinte anos mais velho do que eu... Eu era bonita, sem grana e vinte anos mais nova... Para quem olhava de fora era um encontro ginecológico...Para nós dois um encontro de almas... Nunca conheci uma pessoa tão inteligente... quem o conheceu sabe do que eu estou falando. Um cara que conheceu praticamente o mundo inteiro, viveu intensamente os anos 60 e 70, tinha como primeira língua o inglês e escrevia de matar qualquer um de inveja... Passavamos horas conversando, discutindo, ouvindo música... Com ele eu descobri os Beatles, James Joyce, a geração beat (mesmo assim eu não gostava), aprendi a beber vinhos e entender de vinho, a saber a beleza de se ler poesia para acalmar a pessoa e de falar sem medo, com intimidade, aprendi a jogar poker... Hoje faz três anos que ele está longe... descansando. Sinto uma simples saudade, que ainda tem raiva, devo admitir, muitas vezes ainda custo acreditar... Choro quando penso. Lamento profundamente. Ainda quero pegar o telefone e falar do filme que acabei de assistir, de perguntar o que achou de qualquer coisa, de brigar com ele por causa da Isabella e as suas manhas sem fim, de pedir um conselho, de contar um problema... Sempre penso que não tive tempo de dizer um monte de coisas, nos últimos três anos de sua vida, éramos amigos, pais de uma menina maravilhosa. Mas eu tinha umas coisas por dizer... que vou guardar comigo e quem sabe um dia eu consigo falar. Não consigo ver suas fotos e não posso ouvir a sua voz nas fitas que temos gravadas... choro. Mas sei que a vida tem as suas razões e que ele enfim está descansando... Tento pensar nas coisas boas... e aí passa um pouco. Volta a ser uma simples saudades... dessas que a gente sabe que não tem cura.

Comentários

Anônimo disse…
Nossa me fez em mil pedaços!!!Cada dia vc me surpreende mais, e mais e mais te admiro!! é muita força em uma única mulher.
Bjs.
Anônimo disse…
Tita Maria, sem palavras.....Beijos emocionados.
Anônimo disse…
nada como escrever com sentimento...depois de ler...entra pelo estomago...sobe para o coração e sai ...pela lágrima...
besitos
Anônimo disse…
Que casal legal que vocês formavam. Casal de pessoas do bem, inteligentes, divertidas. Foi um encontro bom. Guarde isso. beijos
Ana Carmo disse…
pena não tê-lo conhecido....
Anônimo disse…
Às vezes invejo vc. Por favor, não me leve a mal, são os MEUS demônios saltitando na cabeça.
Se eu tivesse o poder de calar palavras destruidoras...
Guarde os bons momentos. É a prova dos noves.
Bjs.
Unknown disse…
Vida eterna ao grande Polari, que minha mãe carinhosamente chamava de Benito de Paula !!!
Mesmo porque a vida nunca acaba, e sim o corpo !!
Mil vivas a esse grande figura.
Esses dias pensei nele por acaso, quando refazia a lista de convidados pro meu aniversário e o nome dele estava lá. Lembrei dele com muito carinho !!
Um brinde a aquele cabra !!!
beijos
Anônimo disse…
"no fundo do peito a alma chora calada a falta do amor que acabou"
Tita, ainda bem que sobraram lembranças maravilhosas e uma coisa insuperavel, a melhor parte de vocês dois (BELINHA).
E quando a saudades for muita, escreva, fale com ele, com certeza estará te ouvindo. beijos carinhosos

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