Aos produtores

((texto do blog velho, com algumas adaptações, mas bem atual))
Minha amiga Babi vive me pedindo para ser personagem em suas matérias. Não vou me atentar ao foto de eu ser considerada personagem, na verdade eu acho que todos nós somos, partindo do ponto que sempre temos uma história para contar... que pode ser levada para a televisão.
A questão é que eu sempre digo não. A razão principal é porque eu não gosto. Claro que ela sempre fica muito brava comigo, afinal de contas já que eu não topo, alguém no planeta Terra vai ter que topar... Então, Babi como boa produtora que é, sempre consegue resolver a questão usando a sua mais poderosa arma: o telefone. O instrumento de vida e morte de todo produtor. Um produtor sem telefone, não existe. Isto sempre me faz pensar no fato de ter que correr atrás de alguém desesperadamente. Já fiz isso milhões de vezes... não é fácil. As vezes tenho até vontade de chorar... Eu sou meio surda do ouvido esquerdo e o calo que eu tinha no cotovelo, desapareceu faz pouco tempo... É engraçado falar de calo no cotovelo, mas a grande maioria dos produtores tem. (de tanto ficar com ele apoiado na mesa segurando o telefone no ouvido). Uma vez a minha amiga Fernanda teve que fazer um curativo no machucado, que se formou no seu cotovelo na produção do filme “Desmundo”. Coisas de produtor... Achar. Pelo telefone. Organizar. Pelo telefone. Convencer. Pelo telefone. Fazer com que a pessoa se torne o seu melhor amigo e ainda confie em você, sem nunca na vida ter te visto, pelo telefone. Não é punk?? Já vi produtores conseguindo coisas incríveis, como um ônibus com figuração em vinte minutos. Tipo é um ônibus que você quer? Então ta. Andou até a avenida, parou o ônibus e ainda convenceu os passageiros a participarem da gravação. E o telefone foi usado para pedir autorização de imagens, enviar segurança e avisar da loucura que estava fazendo. No final das contas deu tudo certo. Na verdade foi um surto. Ser produtor é viver em extrema ansiedade com o telefone. Se ele toca muito, é punk, se não toca... é mais punk ainda. Aliás a ansiedade é um estado permanente na vida de um produtor... Eu não exerço mais a função... Não tenho a menor saudade... quando bate novamente, eu peço para voltar a ser estagiária na TVDK (o melhor em sistemas analógicos, que já produziu as melhores festas, churrascos e viagens do mundo) É só para manutenção, como o cara que parou de fumar e no Natal dá um traguinho. Não é que uma vez fumante sempre fumante, uma vez alcoólatra, sempre alcoólatra... uma vez produtor, sempre produtor... Até na hora de organizar o enterro... Ou se a saudade é muito forte eu fecho o olho e lembro do dia em que coloquei 70 ônibus para andar em 15 minutos na Dutra... aí passa.

Comentários

Anônimo disse…
Você bem sabe que um produtor sempre fica p... quando perde um bom personagem...por isso, já te aviso: um dia, Tita...um dia, vc via ter de me dar uma entrevista nem que seja pra trabalho de faculdade...heheheh

bjs
Babi
Anônimo disse…
Conheço essas histórias!E não do blog antigo!!Chegou a me assustar!rsrsr
Bjs.
Anônimo disse…
Putz.... mas sabe que eh a sua cara?!

Postagens mais visitadas deste blog

Verdade chinesa

Talvez algum dia