Os livros

Recentemente li na internet sobre uma nova tentativa de fazer o e-book emplacar. Ele seria a mesma coisa que os tocadores de música digital, só que para os livros. A mesma quantidade de títulos que cabem em duas salas lotadas de estantes, poderia ser colocada num único aparelhinho... Nada de ir até a livraria e ficar olhando capas e mais capas, nada de procurar por títulos em sebo... Bastaria um download e pronto... Esta não é a primeira vez que tentam emplacar o livro digital... Da primeira vez ele não deu certo e mais uma vez acendeu a discussão: os livros vão acabar?? Espero não ver este dia... Espero que isto não aconteça na minha existência. Além de adorar ler... eu adoro os livros de forma física. Não suportaria tal fim... Sofreria de verdade. Seria muito ruim para mim não poder ter um livro nas mãos e ao invés de virar uma página eu deveria rolá-las... Gosto do papel... de suas letras. Os livros com certeza são as coisas mais importantes de uma civilização... Sempre que alguém quer implantar um regime revolucionário que vai fazer a população viver melhor, a primeira providência é queimar os livros, proíbi-los, difamá-los e por aí vai... Duvidoso isto não? Quem duvida do poder dos livros? Mas, apesar de tudo.... eles continuam a atravessar os tempos e desde a invenção da escrita, eles estão por aí... Como extensões de almas, como fonte de inspiração, conhecimento. Para mim a história que melhor representa a relação com os livros é a história de Jorge Luiz Borges, o grande escritor argentino. Muito próximo de morrer, Borges ficou cego. Na mesma época a Enciclopédia Britância estava lançando sua mais recente edição, totalmente reformulada e atualizada. Como um gesto de admiração a editora da famosa enciclopédia mandou todos os exemplares para Borges, sem saber de sua cegueira. Quando descobriu, no melhor estilo inglês, resolveu mandar uma carta de desculpas pelo gesto tão grosseiro. A resposta de Borges veio para supreender a todos: "Foi com grande felicidade que recebi os livros. Não posso mais lê-los. Mas posso senti-los. Gosto de tê-los por perto, de sentir seu cheiro e de saber de suas possibilidades. Muito obrigado por tão generoso presente." Também gosto de viver entre os livros. Não li todos que tenho. Talvez faça isto um dia... Não sei se os livros vão acabar no formato que conhecemos e virar digital... Eu não quero ver isto, não quero participar disto e rezo para que esta seja a única coisa que a modernidade não possa destruir...

Comentários

Anônimo disse…
Aposto um milhão que não (que não acaba).

beijos, flor!
Éllio Mendes disse…
Acredito que o livro no formato real não acaba. Sou a favor do e-book, mas que seja apenas para livros publicados já na era digital e seguindo padrões de Internet. Principalmente livros de poesias e infantis com ilustrações multimidias. Romance pelo computador é um saco.
bjs
Anônimo disse…
PaTita, que texto lindo! Nada como pegar, folhear, sentir o cheiro das páginas, molhar o indicador com o polegar e mudar a página, é lindo! Mas não deixe de mostrar pra Belinha os últimos lançamentos do e-book.Bjssss

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