Não é preciso despertador em São Paulo

São Paulo sempre foi uma cidade de crescimento e mudanças. Faz parte da sua essência. Isto não quer dizer que estas coisas aconteçam de maneira pensada ou respeitando o mínimo do bom gosto e de algumas leis do urbanismo. É uma cidade desordenada que cresce para todos os lados, sem controle. A exploração imobiliária está destruindo o pouco que a cidade tinha da sua história. O meu bairro por exemplo, um bairro tradicional da  zona norte de São Paulo, está virando um canteiro de obras. Antigas casas dão lugar a imensos condomínios onde o futuro está escrito em números: quatro salas, quatro quartos, quatro banheiros, trezentas vagas de garagens, não sei quanto de área útil. O que antes era um pacato bairro residencial, agora é um estacionamento de caminhões betoneiras que funcionam das sete da manhã em ponto até as cinco da tarde. Mesmo porque se passar desta hora começa a gritaria nas janelas mandando a obra parar, avisando que vão chamar a polícia... Cinco da tarde é o mínimo da tolerância que as pessoas aguentam do barulho que virou a trilha sonora desta cidade, onde todos vivem de fones. Olhe a sua volta.... andando, no metro, no almoço... todo mundo vive de fone, no seu próprio mundo, fugindo dos barulhos que vão nos buscar onde quer que a gente esteja... Eu não uso mais despertador já que em volta do meu prédio pelo menos cinco outros condomínios estão sendo construídos a todo vapor. E isto não é um privilégio de Santa Terezinha... não... em todos os lugares, em todos os bairros, em todas as zonas o horizonte de São Paulo vai sendo roubado aos poucos por este crescimento desordenado... Sinto muita tristeza de ver minha cidade assim... E mais ainda de saber que onde está uma construção que não deveria é porque alguém ganhou uma grana, pagou uma propina, falou com um vereador, conhece alguém na prefeitura... e assim vamos construindo um futuro confuso. Um futuro de histórias derrubadas... cuja lembrança que vai ficar é um barulho ensurdecedor que nos tira o sono, a tranquilidade, a paisagem, que principalmente deixa ainda mais difícil a ideia de morar aqui... 

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