Um chapéu de presente...
Conheci uma moça que ganhou de presente um chapéu muito bonito. Mas antigo demais para ser usado nos dias comuns. Seu formato acertava-se perfeitamente à cabeça, mas ao mesmo tempo garantia um certo desconforto como se o resto da roupa e mesmo da cara não combinasse com o tom azul e a flor amassada de organza rosa e velha. O presente era uma herança que recebera no mesmo dia que soube da morte da avó. O chapéu tinha sido o seu enfeite de todos os domingos. Na sua avó ficava perfeito, combinavam. Talvez sua avó tivesse construído uma vida onde fosse possível caber um chapéu romântico. Esta menina não tinha uma vida onde este chapéu pudesse ser usado aos domingos. No máximo seria pendurado como um quadro em algum canto da casa, para que o carinho, as férias perfeitas na casa da avó, as tardes juntas no quarto de costura, as noites na frente da televisão, o cheiro da comida, o cheiro de talco logo após o banho, o café do domingo sempre cedo e sempre com bolo de fubá estivessem também pen...